quinta-feira, 26 de março de 2009

Achada por uma bala perdida*



Uma bala perdida bem no peito.
Uma verdade me acerta.


Uma bala perdida me acha
e, não bastasse isso,
você ainda fica cutucando minha ferida.
Cutucando-a com silêncio.
Com a indiferença.
Com uma suposta felicidade
da qual eu não faço parte.
Não há mais nenhum lugar
em meu coração
que já não tenha sido ferido.

Buracos.
Vazios sequenciais e aleatórios.
Uma verdadeira peneira vermelha
onde a esperança se esvai e fica a dor.


Já não há mais coração.
Uma peneira vermelha...
quase o próprio vazio.

Tenho vivido a peneirar meus sentimentos...
limitando-os, suprimindo-os...
Catando migalhas que você me jogou
com a esperança de que,
se eu as cultivasse,
pudesse, talvez, brotar algo
nessa terra que já foi fertil
e que hoje é um semi-árido
rumo ao deserto.



(e tudo o que queria era
realizar um improvável sonho
ou, no minímo, continuar sonhando)


Dayane Moura*

*aos poucos estou achando o caminho de volta...*

beises

;*


2 comentários:

  1. então...
    só vejo sangue nesse poema. daqueles que saem por todas as possíveis feridas. dói, day.
    e o achada por uma bala perdida remete a algo inesperado.
    deu pra sentir.
    beijão

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  2. Forte... tudo que tu escreve me ativa a curiosidade de te conhecer ainda mais, o que te aflige, o que te agrada, o que te faz continuar a escrever tão bem sobre sentimentos...

    Tu não tem idéia do quanto tento entrar nesse blog pra te ler um pouquinho sempre...

    ^^

    Belo teto, to te acompanhando sempre que posso!

    Beijooos!
    Saudades!

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