domingo, 9 de agosto de 2009

Reflexo Interrompido*


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Se antes eu era um mistério,
agora fui desvendada
e temo não ser nenhuma
esfíngie ou sorriso de monalisa.
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Isso seria complexidade demais para mim.
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Temo ser um simples rabisco
ou um emaranhado de linhas tortas:
não há o que desmistificar.
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Minha alma se retorce dentro de mim
querendo sair de um casulo
que levei a vida inteira para construir
achando que sairia dele como uma borboleta...
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Agora não há como saber
se a metamorfose foi completa,
pois a minha alma eu não posso ver num espelho
e é difícil me enxergar de dentro.
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Preciso, então, olhar em teus olhos.
eles são meu espelho.
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Reflito o que você me reflete.
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Agora nada sou, nada reflito:
você simplesmente fechou os olhos pra mim.
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(Dayane Moura)
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P.S.: Em minhas mãos só linhas nas palmas... o espelho que segurava parece ter se quebrado sem ter deixado nem ao menos cacos. Só me resta decifrar as linhas da vida.