Uma bala perdida bem no peito.
Uma verdade me acerta.
Uma bala perdida me acha
e, não bastasse isso,
você ainda fica cutucando minha ferida.
Cutucando-a com silêncio.
Com a indiferença.
Com uma suposta felicidade
da qual eu não faço parte.
Não há mais nenhum lugar
em meu coração
que já não tenha sido ferido.
Buracos.
Vazios sequenciais e aleatórios.
Uma verdadeira peneira vermelha
onde a esperança se esvai e fica a dor.
Já não há mais coração.
Uma peneira vermelha...
quase o próprio vazio.
Tenho vivido a peneirar meus sentimentos...
limitando-os, suprimindo-os...
Catando migalhas que você me jogou
com a esperança de que,
se eu as cultivasse,
pudesse, talvez, brotar algo
nessa terra que já foi fertil
e que hoje é um semi-árido
rumo ao deserto.
(e tudo o que queria era
realizar um improvável sonho
ou, no minímo, continuar sonhando)
Dayane Moura*
*aos poucos estou achando o caminho de volta...*
beises
;*